Bom, estamos chegando ao fim de nossa jornada (na verdade, nossa jornada já acabou faz tempo, me refiro ao blog mesmo ^^), e como prometido juntamente com este penúltimo dia de viagem, posto também o trailer do filme.Me desculpem a demora mas é que acabei me atrapalhando com um monte de coisas mas enfim aqui estamos.Sem mais conversa.
Dia 6- 15/02/2010 – City Boys
“`Cause l want to be
Where my soul can run free
Well, l`m just a city boy
Looking for a home
Now, l don`t
Want to be no prisoner
And l sure don`t want
to be no slave
l want look out at night
And see stars in the sky
The Little Dipper
And the Milky Way
l can`t sleep
lt`s too loud
And everywhere
Everywhere l go, you know,
there seems to be a crowd
And l`m tired of
all these concrete streets
l want to feel the dirt
Up under my feet”
City Boy- Keb’Mo’ tradução
Acordei por volta das 6h30, Zico havia se levantado um pouco mais cedo pra ir acendendo a churrasqueira do lugar, onde iriamos fazer nosso café da manhã.Levantei e coloquei a blusa, embora estivesse frio, era bem mais suportável, e o fato de termos dormido bem e comido bem na noite anterior, além de acordar num lugar belíssimo e ao som de uma corredeira, fizeram com que fosse uma manhã muito mais agradável.
Estava um pouco escuro ainda, graças à infra-estrutura do lugar, pudemos ir ao banheiro, lavar rosto, fazer nossa comida e escovar os dentes, fizemos tudo considerávelmente rápido, já que tinhamos que estar 7h no colégio para encontrar os nossos guias até a pedra do Baú, afinal, esse seria o grande dia, o dia em que chegaríamos ao nosso objetivo, a pedra do Baú propriamente dita!
O combinado era que chegaríamos no colégio, nos encontraríamos com os guias e mais umas 40 pessoas do retiro que iriam pra essa trilha, iríamos o caminho todo juntos até os “pés” da Pedra, mas lá apenas eu e Zico subiríamos, e depois voltariamos sozinhos.O problema foi que chegamos um pouco atrasados, afinal desfazer o acampamento foi trabalhoso, chegamos lá por volta das 7h20, o grupo já tinha saido segundo informações de umas pessoas que não foram para a trilha.Pudemos deixar nossas mochilas lá saindo apenas com uma mochila pequena e com pertences necessários: garrafa d’água e cameras.
Eles eram mais de 40 pessoas, em sua grande maioria sem um bom preparo físico e numa trilha consideravelmente difícil, eu e Zico eramos apenas dois (uu, brilhante matemática) com apenas uma bagagem e com um ânimo de fazer a trilha quase correndo.
De forma resumida, chegamos à bica(que podemos considerar como metade do caminho) uns 20 minutos antes do grupo.Mas pra vocês não acharem que estamos nos metendo com magia negra, vou contar com mais detalhes como fizemos isso.
Os fatos são esses: nós tinhamos uma vaga noção do caminho a seguir até a pedra, lembrávamos de alguns detalhes, então decidimos seguir essa nossa intuição, ao passos acelerados fomos seguindo pelo caminho de volta até a cachoeira, de lá havia um desvio que sabiamos que fazia parte da trilha até a pedra.Seguimos por cerca de 30 ou 40 minutos num caminho relativamente cansativo, muitas subidas bem acentuadas e solo bem irregular.
Foi interessante analisar o solo, dava pra ver claramente no chão à nossa frente as marcas de centenas de passos, de calçados diferentes, era fácil julgar que eles tinham passado ali não fazia muito tempo.Em determinado momento, chegamos à um ponto que fazia uma bifurcação, uma rodovia, asfaltada e subindo, e um caminho de terra, decidimos ir pela rodovia, e depois de poucos metros andando, vimos um carro subindo.Nosso impulso já fazia com que levantassemos a mão em sinal de carona, mas o que nos fez ganhar essa foi que o motorista estava com a janela aberta, passando devagar e o Zico gritando “Carona ai Grande!!”.
Conseguimos carona até o mesmo estacionamento da tarde anterior onde os guias haviam nos dado carona, de lá nós já tinhamos uma noção maior do caminho e em menos de 30 minutos estávamos na Bica, nos refrescando e pra nossa surpresa, não havia nem sinal do grupo.Nós passamos eles, acredito que quando pegamos a carona, estávamos muito perto de encontrá-los, mas ultrapassamos e decidimos ficar ali na bica esperando uns 20 minutos até ter certeza disso.
Dito e feito, alguns minutos depois, enquanto estávamos sentados descansando em uma pedra, começamos a ouvir vozes, tentamos nos comunicar com gritos de TARZAN e aos poucos vislumbrar pessoas em meio ao mato, com a ajuda da luneta do Zico, conseguimos ver o grupo imenso de pessoas se aproximando aos poucos, lá estavam todos eles, quando nos viram na pedra, acenavam e ao mesmo tempo comentávam entre si provavelmente como estavamos ali já, sendo que não saimos com eles.
De qualquer forma, quando eles chegaram, conversamos um pouco, eles se reabasteceram de água e continuamos a trilha, agora parecendo uma passeata bem no meio da montanha, a fila gigantesca avançava aos poucos (tipo a Comitiva do Anel multiplicada por 10 ).
Ali definitivamente algo começava a crescer dentro de nós, e não era só a fome, era a ansiedade, a cada passo estávamos mais perto de nosso grande objetivo final ali, e quando chegamos aos pés da pedra, dentro de mim havia uma mistura de medo, ansiedade e felicidade que é difícil de descrever.Haviam dito que parte da escalada pela escadinha tinha partes negativas e assustadoras e que normalmente faziam apenas com cordas e tudo mais, isso me assustou um pouco e deixou o maluco do Zico empolgado.
Descansamos por uns 10 minutos, nos alongamos, e quando quase todo o pessoal já estava lá sentado fazendo um pic nic, começamos nossa subida rumo ao topo.
A escada era feita de metal cravado na pedra, muito firme e variando a cada parte, momentos mais inclinados onde era quase como andar de quadrupedal, e outros estranhos onde tinha que andar pro lado ou mesmo as partes quase retas onde era como subir uma escada normal.
Enfim, o visual era bonito, estávamos leves o que não nos deixou nem um pouco assustados pela altura e em menos de 20 minutos estávamos no topo da pedra, ambos com uma cara engraçada de “mas já??”.A parte “assustadora/negativa” era apenas uma parte reta, normal, aliás a parte final da subida, mas para quem não tem nenhum tipo de preparo físico e tem muito medo de altura, pode parecer um tanto quanto assustadora.
Lá em cima, era óbviamente lindo, mas a vista era muito parecida com a do mirante e do baúzinho, já estávamos acostumados àquele mar de floresta ao nosso redor.Lá em cima fizemos algumas coisas, alguns percursinhos e precisões, mas definitivamente não era tão empolgante quanto a pedra do Baúzinho.
Chegamos à conclusão de que chegar no “ponto B”, não é mesmo a melhor parte, e quando-principalmente no nosso caso- examinamos isso de uma perspectiva mais geral, o ponto B era o mesmo que o A, voltar pra casa, e logo que isso começava a ocorrer nas nossas cabeças, começavamos a preencher o espaço vazio por termos chegado lá, para um sentimento de dúvida e preocupação, parecido com o de todo o resto da viagem.A partir desse momento, estávamos de volta à ativa, tinhamos que voltar pra casa e ainda não sabíamos como faríamos isso.
Descemos da Pedra pelo mesmo caminho, e encontramos o mesmo pessoal ainda lá em baixo, então tivemos a oportunidade de voltar junto deles e depois de algumas horas de trilha de volta, chegamos ao colégio, onde o almoço estava sendo preparado e já podiamos nos alimentar como gente decente de novo (ou como bois famintos…).Comemos bem, macarrão, arroz, feijão, comida!Tomamos um banho, relaxamos, e deixamos nossas coisas meio prontas.Fomos mais uma vez tomar um café com Nelly e Robson.
Mais uma vez, eles se mostraram pessoas maravilhosas, ficamos sentados do lado de fora da casa nuns bancos feito de tocos de árvore, num gramado bem verde, tomando um chocolate e conversando.Eles tinham pesquisado para nós sobre os onibus que poderiam nos levar pra casa.Infelizmente os onibus direto pra São Paulo eram muito caros e pra Mogi(de onde poderiamos voltar de trem) não saiam de São Bento.Ficamos cerca de uma hora lá, conversando sobre várias coisas, mas pelo menos dentro de mim começava a ficar cada vez mais forte a preocupação, precisávamos voltar pra casa, era pra ser esse o último dia.Robson e Nelly nos disseram que havia uma cachoeirinha onde poderíamos nos banhar sem ter que pagar a taixa pra entrar na Cachoeira dos Amores.Era um caminho imediatamente do lado da entrada dela, inclusive ficava numa ponte por onde tinhamos passado mais cedo e ouvido o barulho de queda d’água.
Chegamos à uma queda bem legal, um poço fundo onde dava pra nadar.Eu fiquei apenas sentado na pedra, pensando se iria entrar na água estúpidamente fria, e em como voltaria pra casa, fiquei quase uma hora sentado.Zico foi dar uma volta e depois voltou pra entrar na cachoeira (claro, que entrou com um mortal pra trás com uma pirueta completa…. ¬¬).
Voltamos pro colégio, fomos tomar banho e começar a arrumar as coisas, consegui reduzir minhas bagagens a apenas uma mochila, bem cheia.Estávamos prestes a ser expulsos (num bom sentido, se é que há algum) do colégio, já que não faziamos parte do Retiro espiritual e estavamos comendo a comida deles e usando os banheiros etc.Fomos nos despedir de Robson e Nelly, e decidimos nosso caminho (segundo sugestões de Robson).Iríamos até São Bento, que ficava a menos de 30 minutos de caminhada numa linha praticamente reta.Lá iriamos até o trevo de saida da cidade, onde seria bem mais fácil conseguir carona, principalmente pelo fato de ser carnaval, e muita gente de fora estar por lá.
Começamos então a andar, fazia tempo que não colocávamos o pé na estrada de novo, com bagagens e tudo mais, mas definitivamente estávamos mais empolgados, e o fato de termos menos peso nas costas era bastante encorajador.
Andando e conversando por mais ou menos 25 ou 30 minutos, e levantando o dedo pra cada carro que passava, tivemos o imenso prazer de conseguir carona com um senhor muito interessante.Levantamos o dedo e um fiatizinho 147, bem maltratado parou cerca de 15 metros na nossa frente, ficamos espantados e corremos, falamos que estavamos indo pra São Bento e o sr. Que dirigia sem camisa e apenas com um boné nos disse pra entrar, estava indo pra lá também.
Foi de longe uma das caronas mais interessantes de toda essa viagem e de nossas vidas.O senhor, que depois disse se chamar Zito, estava ouvindo umas músicas muito antigas, a gente se sentiu praticamente perdido em algum lugar da década de 40, a sensação era muito boa, e ver a Pedra do Baú ficando pequenininha atrás de nós gerava um misto de tristeza e alivio.
Chegamos à cidade de São Bento do Sapucaí propriamente dita, o carnaval já começava a acontecer, já se podia avistar alguns bonecos e vários foliões pela cidadezinha incrivelmente aconchegante, um lugar que certamente vamos visitar de novo.
Zito nos deixou praticamente no centro, nos disse o caminho a seguir para o trevo de saida da cidade, andamos cerca de 10 minutos até chegar lá.Chegamos e ficamos bem em frente a um posto, do outro lado da rodovia onde poderiamos arrumar uma carona fácil sentido São Paulo.O problema é que já passava das 18h e estava começando a ficar bem escuro (além claro de pernilongos misteriosamente imunes à repelente, que começavam a nos sondar feito aliens famintos)o que diminuia drasticamente nossas chances de carona.Decidimos então ficar.Passar a noite na cidade, aproveitar o carnaval afinal.
Voltamos pra cidade e começamos a andar vendo as pessoas, ouvindo a música alta, vendo os blocos carnavalescos passando.Decidimos que por volta das 4h ou 5h da manhã, iríamos até a rodoviária, ver o que conseguíamos por lá.Nos demos novamente o luxo de gastar algum dinheiro, Zico aproveitou para ir a um banco e sacar $20, e fomos comer alguma coisa(afinal nossas provisões já tinham ido embora a tempos, com exceção de um miojo…).
Depois de rodar a cidade e ver o carnaval de lugares diferentes (e de chamar a atenção de todos com toda aquela bagagem e tudo mais), sentamos em uns banquinhos numa praça, estávamos cansados, com sono, mas não ia rolar de acampar em meio a um carnaval daqueles, nem mesmo cochilar.Levantamos e andamos novamente pela cidadezinha, achamos outra praça, bem mais calma, com só uma pessoa ou outra conversando e bebendo.Sentamos num banco, nos acomodamos e ficamos lá, descansando.
Aos poucos as pessoas foram chegando em nós, primeiro, um grupo de adolescentes do ABC paulista, perguntaram sobre nossas mochilas e tal, e ai fomos conversando, contando sobre a viagem, parkour e blablabla.Eles ficaram empolgadissimos, disseram que sempre quiseram fazer esse tipo de coisa, reconheceram o Zico da novela e samparkour, além de um deles morar no prédio de um tracer do ABC.Foram momentos divertidos.Eles se foram, e logo um outro cara se juntou à nós, ele era punk e tinha idéias bem radicais, mas interessantes, era um cara muito bacana, conversamos por horas até um outro amigo dele chegar e se juntar a nós.Adoraram tanto a idéia da nossa viagem quanto tudo o que falávamos sobre parkour, disseram que adorariam nos apresentar amigas e amigos e contaram muito sobre fatos engraçados ali de São Bento e região.
…Continua no próximo episódio…
E como prometido, o trailer do filme galera:
Where my soul can run free lt`s too loud
Well, l`m just a city boy And everywhere
Looking for a home Everywhere l go, you know,
Now, l don`t there seems to be a crowd
Want to be no prisoner And l`m tired of
And l sure don`t want all these concrete streets
to be no slave l want to feel the dirt
l want look out at night Up under my feet
And see stars in the sky
The Little Dipper
And the Milky Way